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Mas a vida de escritor iniciante é um tormento.
Começa pelo fato de que não sabemos por onde começar.
Claro que existe aquele sonho, aquelas palavras enraizadas em alguma parte do
seu coração (sim, bem brega, mas é verdade), no entanto, convenhamos,
trabalhar por instinto é uma droga!
Supondo que você passou da fase inicial e conseguiu
escrever o seu livro: o que raios você faz agora?
O original claramente precisa de uma revisão,
todos merecem segundas e terceiras olhadas. Se você for paciente
vai tentando sozinho, se não, pede a ajuda de alguém.
Mas quem? Em geral profissionais cobram e nem todos têm
recursos. Trabalho voluntário também não ajuda: as pessoas têm
seus próprios afazeres e, em algum momento, tendem a esquecer você
e sua obra.
Resultado: ou se vira sozinho e tenta revisar por conta própria
( um processo complicadíssimo para alguns autores, devido a
intimidade com o texto) ou engaveta tudo. Na minha opinião
ninguém deveria revisar sozinho seu próprio livro.
Ah, e é
muito fácil engavetar.
A vida exige que você se mexa,
que arrume um emprego que dê dinheiro, que faça algo para
conseguir se sustentar. É extremamente fácil esquecer
seus sonhos em meio à correria, e não apenas os da escrita: qualquer sonho.
Depois vem o cansaço. Se você não tem condições de se
dedicar somente aquilo que realmente quer, você vai sendo desgastado dia-após-dia
por tudo que não quer fazer,
mas que precisa, pois do contrário como poderia sobreviver? Faculdade,
trabalho e projetos.
"E por que você não fez algo relacionado ao seu
sonho?"
Ora, porque meu sonho não me garante dinheiro. Desde do momento
em que se decide ser escritor você provavelmente vai escutar algo como: faça
um curso que tenha alguma coisa de escrita, mas que lhe confira um diploma, porque,
afinal, não existe garantias de que você ganhará dinheiro com livros.
E mesmo que você tenha visto um curso de graduação
a respeito da escrita criativa é necessário muita coragem para seguir o que quer
de verdade, afinal, você precisa comer. E ai, se faltou a coragem
ou o dinheiro para ir atrás das pouquíssimas cursos universitários sobre escrita, você faz letras, jornalismo ou qualquer coisa que lhe deixe
minimamente próxima do mundo que você, na verdade, gostaria de estar (isso se
é
que você está cursando uma universidade e não
fazendo qualquer outro trabalho que também tomará seu tempo quase integralmente).
Mas, na real, você está muito longe desse mundo.
Depois de alguns anos você começa a se dar conta de que, de fato, deixou
quase tudo para trás e sua função agora é sobreviver. Você já
quase não lembra do prazer de escrever o que quer de verdade. Você
escreve uma vez ou outra quando o desgaste e o cansaço não
enferrujam sua determinação, já tão acabada.
O pior é que eles estão certos. O pior
é
que, para largar tudo e escrever, é preciso coragem para assumir que terá
um início (se não a vida) de incertezas. Porque, queridos,
publicar não é sinônimo de vender nem de permanecer no
mercado. Na verdade, agora o autor não precisa apenas escrever bem: tem de ser sua própria
marca. As pessoas querem gostar de você e não apenas do seu trabalho. E se você
não
é
muito bom em tirar fotos, twittar frases engraçadas e interessantes, ou fazer textão
no facebook, já sabe: boa sorte tentando fazer seu próprio marketing. Têm aqueles que conseguem, claro que tem, não é uma obrigação ser sociável
é
apenas uma recomendação, principalmente se seu publico é
jovem.
Se, e somente se, você conseguiu quebrar metade das barreiras
que apresentei, você tem uma chance de chegar ao seu
objetivo. Você escreve, você luta para ter alguém
que te ajude com a revisão, você pode até fazer um dos milhares de cursos de
escrita criativa, oficinas, que tem por aí ( e fazer a seleção de quais são
boas de verdade, e não dinheiro jogado fora, é
mais uma dor de cabeça), você batalha para ser aceito em uma editora
ou se auto publicar e, o segundo maior de todos os desafios (pois escrever algo
bom, já é um baita desafio): vender. Alguns conseguem, outros,
como em qualquer profissão, estão perdidos no meio do caminho por
diversas razões (provavelmente as que citei aqui).
Ser escritor não é um hobby, ser escritor não
pode ser um ofício para depois da aula e ser escritor não
precisa ser um sonho: pode ser uma meta. Desde que você tenha coragem
de realmente lutar pelo que deseja e assumir que escrever é
um trabalho sim e exige a mesma demanda de tempo que qualquer outro.
Mas, convenhamos, haja coragem... talvez, ser escritor, seja
uma das profissões mais ousadas do mundo: você tem de vencer o mundo para ter condições
de criar seus próprios universos.
Esse texto é muito bom, tem me ajudado a não desanimar do meu sonho! Sou muito grato a autora que o redigiu.
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